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Superação e regozijo: Crônica de um retorno ao triathlon

  • cornelispoel
  • há 3 dias
  • 5 min de leitura
Após mais de 2 anos, prova de triathlon concluída!
Após mais de 2 anos, prova de triathlon concluída!

O despertador tocou às 4:25. Por mais 10 min de cama, deslizei o dedo para o lado da “soneca” na tela do celular. Levantei-me no 2º toque, tomei 2 bebidas lácteas proteicas, de baunilha e chocolate, e comi 4 biscoitos recheados Bono. Sim, sei que não foi um café da manhã atlético, mas foi o que foi.


Escovei os dentes, passei uma água no rosto e fui levar as tralhas para o carro. Bike, bomba de ar e mais 3 volumes: kit corrida com porta-número, tênis e boné, kit ciclismo com sapatilha, óculos escuros, capacete, meias e corta-vento e kit natação com wetsuit (traje de Neoprene) e óculos; a touca a prova fornece no local. E mais géis de carboidratos, rapadurinhas e bananinhas para serem distribuídos entre área de transição, bike e porta-número.


  Às 5h15 saí da pousada e 8-9 minutos depois cheguei na rua que havia definido para estacionar o carro. Ainda sonado, incrédulo, escutei a voz de um flanelinha. A gente escapa até da morte, mas do leão da receita e dos flanelinhas, jamais. Havia um estacionamento fechado por R$ 40,00 ao lado e ele já jogou o comparativo... “Comigo é bem mais barato! E seguro do mesmo jeito! Há 10 anos trabalho aqui. Estou na luta né patrão, com a mulher agora esperando nosso 1º filho, não posso parar”. Depois do pix, não há mais nem como recorrermos ao “desculpa, mas estou sem dinheiro aqui meu amigo”. E lá se foram R$ 15,00, claro, adiantados. Para minha tranquilidade, o dono da rua afirmou prontamente que ficaria ali o tempo todo, até minha saída, que eu poderia confiar. Será que ficou!?


Peguei o kit da prova, fixei o número na bike e no porta-número (corrida) e às 6h15 entrei na área de transição. Os atletas arrumam seus equipamentos com um carinho admirável. Cada item no arranjo em que cada um entende ser o que poupará segundos em suas transições. Fiquei espiando o vizinho, pois parecia ser mais experiente do que eu, o que não é nada difícil. Troquei umas ideias com ele, completamos nossas arrumações e desejamos boa prova.


Vesti meu wetsuit e o vizinho do outro lado me pediu ajuda com o dele; o cadarço do zíper e a lapela do velcro tinham se enrolado. Mais um bate-papo rápido e desejos mútuos de boa prova. Triathlon é um esporte de extremos, incluindo no aspecto de pessoas. Tem muita gente “xarope” e tem muita gente legal! É só escolher a galera bacana e as interações serão sempre bacanas também!


Antes de sair da área da transição, onde precisava deixar todos os meus pertences, dei duas xiringadas violentas de descongestionante em cada narina e meti uma pastilha na boca. Desde uns 5 dias antes, estava com nariz entupido e pontadas na garganta, além de uma insistente coriza. Ninguém merece fazer um nada-pedala-corre todo entupido, não!?


E bora para a praia! O dia amanheceu com vento forte e o mar um tanto agitado. Momentos antes do início, minha tensão aumentou e, de mão juntas e olhos ora fechados ora fitando as ondas, fiz minhas preces. E logo foi dada a largada. Embora os metros iniciais tenham sido de balanço, depois da arrebentação não estava tão ruim. Fiz o contorno da 1ª boia e comecei a gostar do nado a ponto de relaxar. Subitamente, uma braçada de baixo para cima atingiu meu queixo e quase torou minha língua ao meio. Parei um pouco, avaliei e percebi que ela, embora dolorida e com o caminho aberto para aftas, estava inteira. Voltei a nadar e tive certa dificuldade com a visão da 2ª boia, pois era do tamanho de uma coxinha, miúda. Em alguns instantes uma tensão queria surgir, mas recorrendo à memória de distâncias bem maiores em águas abertas que já fiz, consegui controlar minhas emoções e concluir bem.


Fiz a Transição #1 e saí para o ciclismo. Um circuito bom, plano, mas truncado. Nove voltas para fazer 20 km. Até a metade da prova, segui “competindo” com um cara de macaquinho cinza, de corpo, diria, razoavelmente mais largo que o meu, não tipo mais forte, mas de sobrepeso mesmo. Disse a mim que não perderia para ele! Faz bem uma disputa no meio da prova, melhora nosso desempenho. Trocamos de posição algumas vezes e lá pela 5ª-6ª volta... Ele que disparou! E sumiu da minha frente! Faz parte... De toda forma, terminei bem e gostei do meu pedal!


Já a corrida... Por 500 m, animei! Foi quando minhas pernas deram uma enrijecida e tive princípios de câimbra!


Por muitos anos, meu corpo, por decisão unilateral dele, judiou muito comigo, trouxe dores demais. E não será por decisão minha, que vou levá-lo às dores intensas novamente. Por isso, eu o respeito e nunca vou ao meu limite máximo, nem em treinos nem em provas. Fico, estimo, nos meus 80-85%. Sofrimento físico, nem pela glória do esporte, é comigo. Um pouquinho, mas só um pouquinho, ainda vai, mas só isso!


Assim, respeitando o que estava se passando, por 2-3 km fui parando para alongar, caminhando e até água, que tipicamente jogamos na cabeça ou nas costas, joguei nas pernas, buscando soltá-las.


Quando me senti melhor, já havia percorrido mais da metade dos 5 km. Então, ao invés de apertar o ritmo, pensei comigo mesmo: “Agora sem dor, vou somente curtir esses momentos finais!


E fui sorrindo, leve, celebrando o retorno a uma prova de Triathlon após mais de 2 anos! A última tinha sido lá na Austrália, nos World Transplant Games em abril de 2023, ano em que fiz ainda um duatlo e uma meia maratona. Tão logo começou 2024, uma internação, uma Covid e uma Covid Longa me afastaram de qualquer prática mais intensa de esportes por aproximadamente 1 ano.


E lá fui eu, trotando e sendo cumprimentado por outros atletas que viam o “Atleta Transplantado” em minhas costas! Quando cheguei no tapete final de acesso ao pórtico da chegada, uma moça gritou: “Vai, acelera pro sprint final!


Alegremente, respondi: “Vou nada, vou é curtir mais esses metros finais! Eles são especiais!


Com um sorriso largo no rosto, vibrei e gritei alto de emoção quando cruzei a linha de chegada! Sim, uma vitória e tanto! Mais uma na minha vida!


Epílogo: minutos depois que terminei, veio uma garoa mansa com um vento frio a tiracolo. Abriguei-me em uma tenda e, em flow, comecei a viajar pelas memórias de minha vida. Fiquei ali meio com cara de bobo, entre sorrisos contidos e discretos soluços de choro do bem. Perdido em pensamentos, escuto em segundo plano, a voz no alto falante liberando a retirada das bikes. Cruzo com um amigo de provas antigas e conversando amenidades nos dirigimos à fila que se formava. Retiro a bicicleta, troco mais algumas palavras com os atletas vizinhos e sigo meu caminho. Realizado. Feliz.



__________

CORNELIS POEL é Especialista em Liderança Empática de Resultados & Superação. Tem mais de 15 anos de experiência como líder de grandes multinacionais e um relevante histórico de resiliência e superação, por ter vencido várias doenças graves, um transplante de fígado e ainda ter se tornado triatleta.


É esse background, aliado à sólida formação acadêmica - é Doutor (PhD) - que ele leva às suas Palestras, Workshops, Minicursos, Mentorias e Consultorias.


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1 comentario


Ana Maria
há 3 dias

Cornelis, você é incrível, aprendo muito com a sua linda história! Parabéns

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